terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ANÁLISE DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM ARISMAR LAZARO PINHEIRO E MARIA DO CARMO ENEDINO GOMES

    Ao analisara entrevista percebo que meus avós vieram do interior, para um local mais afastado do Centro, mas com facilidade de mobilidade com a Rodoviária e a lotação para o Pau Miúdo.

    Entender a origem dos meus vós faz com que eu compreenda o local e o lugar que meus pais ocupam, haja vista que, a casa foi uma conquista que está USOS e FRUTOS da família e percorrendo gerações, os vínculos entre vizinhos permanece com o conhecimento de conhecer quando criança, conhecer sua mãe. O que faz uma vizinhança antiga, com verticalizações (lajes) e casas que passam de geração em geração (Herança)..

    Tive que reconstitui parte da vida da minha avó com meu avô, dos meus pais para contar a história do Bairro que é e está sendo pano de fundo (cenário), para a vida deles e a minha que aqui vivo e resido há 24 anos.

    Os conhecimentos simples de minha Vó que permitiu ser conselheira, guerreira por cuidar de tantas pessoas, ser rezadeira e trabalhar, mesmo que dentro de casa. Ter passado parte de seus conhecimentos para meu pai, único dos filhos vivo, assim como os netos dela (Lícia e Márcio).

    Meu avô, Seu Manoel, ter uma barraca no Centro percebe-se o Centro como local financeiro e de vendas, o que questiono no local, Rua 10 de novembro onde o asfalto só chegou em 1981, que o acesso à informação não advém do Jornal em papel, onde televisão não se existia, a informação era pela oralidade (boca a boca), ou no serviço de alto-falante (músicas, informações, eventos fúnebres).

    Sobre as compras a relação com isso é nomeado de Feira, o fazer a feira, em locais próprios, Feira da Avenida 7 e São Joaquim.

    O lazer tem haver com festas de  rua: O São João na rua e ir passando na casa dos conhecidos, mas com a tradição de enfeitar a rua, pintar a calçada, bandeirolas (que segue até hoje), e fogueiras. O pau de sebo, queimar ou malhar Judas Iscariotes (calendário Cristão, mas precisamente Católico se faz presente).


ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM ARISMAR LAZARO PINHEIRO E MARIA DO CARMO ENEDINO GOMES

    Entrevista feita com Arismar Lazaro Pinheiro e Maria do Carmo Enedino Gomes (nascida em Ituberá), meus pais. Meu pai sendo residente do bairro desde os seus 68 anos, aposentado por 35 anos de serviços prestados e os seus últimos trabalhos foram como rodoviário em linhas de ônibus do Pau Miúdo, meus pais estão juntos há um pouco mais de 40 anos. Mainha (65) era cabeleireira no Centro, tinha uma filha Edciane (47) e logo ficou viúva, assim sendo, ela conheceu meu pai, ambos moravam na mesma rua. E passaram a residir na casa nº5, que é um terreno hoje divido com 1 casa frente de rua (onde moramos), 1 quarto, sala cozinha e banheiro (onde mora uma prima) e 1 quarto com banheiro (não mora ninguém) ambos nos fundos com beco e quintal. Mainha hoje é dona de casa, teve Ariádene (39), Jonathan (38) e eu Alana (24) com meu pai, tendo hoje um neto, filho de Edciane, Júnior (17). A entrevista sucedeu em 25 minutos no dia 28 de dezembro de 2020, no sofá de casa,já que sou a única filha que mora ainda com meus pais.

    Mas para chegar aqui preciso contar a história da mãe, do meu pai, minha avó que não a conheci na verdade ela não conheceu nem a minha irmã do meio, Ariádene, chegou a conhecer-lá.


    Dona Altamira Veloso Pinheiro, minha avó, ela era uma senhora de "boca aberta" de "dar palavrões retada" em "dar respostas" e "teve cinco filhos Edinho e Vadinho, do primeiro casamento". Assim conta meus pais.


    Quando foi que ela veio para Salvador e de onde ela veio?

    "Quando ficou viúva antes dos 30 anos, quando ela veio de Nazaré das Farinhas e se casou com Seu Manoel Vitoriano Pinheiro meu avô. Com quem teve (Vera, Sueli, Arismar e Wellington). Wellington, o caçula, que cuidou de Wellington o mais novo que uma mulher pediu para ela tomar conta e nunca mais apareceu chegando até a registrá-lo. Chegou a cuidar de uma menina chamada Luiza que era muito retada e o pai da menina deu a dona Altamira para cuidar Então ela cuidou dela botou para estudar.

    Com a morte de sua filha Vera bem jovem, antes dos 30 anos, ela teve que cuidar dos netos Lícia e  Márcio como filho.

    Minha vó trabalhava de quê?

    "Ela trabalhava fazendo bolos e salgados e vendendo no jogo do bicho". Assim diz mainha.

    Eles contaram sobre a minha Vó: Sendo uma das mais velhas da rua, era tida como conselheira na Rua 10 de novembro, as pessoas viam aqui pedir conselhos, e também era uma excelente Rezadeira de Fogo Selvagem da Vermelha (erisipela), vento caído, fazia garrafadas de folhas para tuberculose entre outras doenças e males como mau olhado. Alguns desses conhecimentos de rezas meu pai ainda faz e algumas pessoas ainda o procura para esse tipo de feito.

    Quando perguntei sobre meu avô?


    Seu marido, Manoel Vitoriano Pinheiro, meu avó, era dono de uma barraca de frutas e também uma barraca de revista Barracas Pinheiros, localizava-se no comércio na praça da Inglaterra.

    Meu pai desde os oito anos trabalhava com o pai Ele ia com jornal A Tarde descendo a ladeira do Comércio com com peso e meu pai vai lá, também, e a mãe não gostava que ele fosse mas o pai sempre dizia: "mata não Mira", assim como minha Vô era conhecida por esse apelido Mira ou Dona Mira.

    Perguntei sobre as compras como eram feitas?
    "As compras eram feitas nas feiras que era Avenida 7 ou São Joaquim", assim contaram.
    
    Sobre o lazer?

"A diversão era o São João na rua onde cada família conhecida passava em cada casa e dizia: 'São João passou por aqui'. "As festas de rua da Rua 10 de Novembro, como o aniversário da rua,

Show de calouros, onde armava-se palanques O pau de sebo", tradição no sábado de aleluia( depois da semana santa) consistindo em um pau onde se colocavam bastante pó e as crianças tinham que subir e arrecadar algum brinquedo dinheiro ou algum prêmio assim.

Sobre o alto-falante:

A comunicação se dava pelo alto falante de "Seu Jerônimo" onde ouviam músicas e se davam notícias através desse rádio.


Algumas fotos de família:


Da direita para a esquerda (Mainha, Ariádene, Júnior, Meu pai e Eu)

Da direita para a esquerda (Ariádene, Meu pai Jonathan e Eu).
Da direita para a esquerda (Ariádene, Eu, Edciane, Mainha e Júnior)





segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

ANÁLISE DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM CREUSA COSTA SILVA SANTOS

    Sobre a rua ser tranquila ainda continua assim, as brincadeiras se modificaram pois hoje não vejo crianças brincando na rua, no máximo de bola, porém a rua é estreita e quase todos os moradores têm carros e mais de um por residência, além de não ter muitas crianças no bairro. O trabalho infantil eu não vejo, até por que o bairro nem tem tantos comércios na atualidade.

    Confirma o povoamento do Pau Miúdo pela origem dos pais dela, o pai de Monte Alegre e a mãe de Esplanada, sobre a rodoviária a busca de melhorias na capital, já que minha madrinha nasceu em Esplanada e de parteira. (Situação que já sabia antes da entrevista).

    A possibilidade de crescimento neste Bairro, percebamos que ela trabalhou (por um período), estudou ( no Colégio Santa Clara e depois no IFBA), casou, trabalhou no Polo Petroquímico e agora exercendo a advocacia. Pelas questões de transporte e mobilidade urbana.

Sobre o Colégio Santa Clara, que fica na     Avenida Joana Angélica é um colégio de renome ao qual o pai dela foi na até o governador pedir uma bolsa de estudos para ela no mandato do Governador Lomanto Júnior, por se tratar de uma educação melhor devido a expansão os melhores colégios, casas, comércios centralizavam-se no Centro de Salvador 

    O IFBA, antigo CEFET localizado no Barbalho onde se faz uma prova de 9º ano (antiga 8ª série), para ser admitido, onde irá cursar por 4 anos, o ensino médio (1º, 2º e 3º ano) mais 1 ano de aprofundamento no curso técnico.

    Sobre a rodoviária que era na antiga Avenida 7, que é um início do povoamento quando a Rodoviária instala-se na Avenida ACM tornando- se proximal da Rua 10 de Novembro, pela Av. Barros Reis e um marco perceptível na entrevista sobre a rua não ter saneamento nem asfalto, então no mandato de Mario Kertész, acontece o asfalto e as pessoas começa a olhar com outros olhos a rua 10 de novembro. 

    Lotação olha a modernização com os ônibus que cabem mais pessoas devido a demanda capital e a mobilidade.

FONTE: LIMA, Luiz. Ônibus Brasil. 2015. Disponível em: https://onibusbrasil.com/luizlimaba/3812671?context=news. Acesso em: 28 dez. 2020. Foto de uma lotação de 1963 da Chevrolet (estilizada para o Shopping Bela Vista).


    Sobre o lazer percebemos as brincadeiras de rua e a ida ao Centro como diversão (Praça Campo Grande), entre outros desfiles cívicos (como minha madrinha já tinha me dito).

ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM CREUSA COSTA SILVA SANTOS

 A entrevista, com Creusa Costa Silva Santos (64), atual Advogada e Química aposentada. No dia 27 de novembro de 2020, a entrevista sucedeu por meio presencial com duração de 15 minutos sendo ela, minha madrinha que já tenho contato o que viabilizou a entrevista devido a pandemia. 


Pedi para que falasse sobre a Rua 10 de Novembro no seu tempo, ela que sempre morou no mesmo endereço.

"A Rua 10 de Novembro, é uma rua tranquila onde eu brincava de baleado, pula corda, amarelinha onde passava maior tempo com seus pais. Meu pai tinha um armazém que eu ajudava desde os 7 anos, um tem de tudo na verdade que tinha de cordas de violão, panelas, materiais elétricos.

Eu estudava e trabalhava depois fui para Escola Técnica". O antigo CEFET atual IFBA, por ter ensino médio e técnico, conhecido até hoje como Escola Técnica.

"Iam para São Joaquim fazer as compras do Armazém as compras de casa.

A Rua 10 é de casa simples, sem saneamento, de bons vizinhos. E aqui onde me formei, noivei e casei. Teve uma pequena melhoria onde veio o asfalto no mandato de um prefeito houve também as melhorias nas casas, depois desse asfalto.

Mas um lugar tranquilo com ônibus para todos os lugares agora com o metrô que valorizou ainda mais ainda, os imóveis existentes com transportes para todos os lugares".

Quando perguntei sobre a rodoviária falou que:

"Tinha a Rodoviária Velha (na antiga Sete Portas) E aí teve a melhoria de ônibus ela ainda alcançou que a mãe dela. Lotação no Pau Miúdo (ela ainda alcançou)".

Sobre o abastecimento, como era feito?

"As compras eram feiras, na Feira que era na época de São Joaquim e , sim Feira de Água de Meninos, hoje São Joaquim e Avenida 7 portas. E aqui tinha o Armazém de Seu Guedes, Seu Miúdo, Finado Borges e Seu Joaquim". O armazém de Seu Guedes(falecido) continua com seu filho, mas na verdade é um bar, o armazém de Seu Joaquim fechou antes mesmo do seu falecimento.

Sobre o lazer?

"Aqui na rua, o meu lazer era na rua as brincadeiras ou quando minha mãe me levava para a Praça do Campo Grande".


Algumas fotos:

Minha madrinha



Minha madrinha e Eu

Eu, minha Vó Elvira (mãe de minha madrinha, viva e com 92 anos) e dinda.







sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

FLORENTINO FOGUETEIRO (PERSONALIDADE HISTÓRICA DA RUA 10 DE NOVEMBRO)

 


Florentino Fogueteiro

FONTE: BAIRRO do Pau Miúdo, em Salvador, mantém forte a tradição da queima do Judas. Salvador, 2018. (3 min.), son., color. Disponível em: Bairro do Pau Miúdo, em Salvador, mantém forte a tradição da queima do Judas. Acesso em: 25 dez. 2020.


    Uma figura tradicional, Florentino Fogueteiro, da Rua 10 de Novembro nº 127, a tradição de comprar bonecos de Judas nas mãos do Seu Florentino (já falecido) há 14 anos, ele mesmo só e com ajudantes fabricava e vendia fogos de artifícios e os seus famosos bonecos, acredito que a partir daí surgiu o apelido de fogueteiro.

    Seu Florentino, repassou o ofício a outras pessoas da localidade e a família que até hoje dão continuidade ao trabalho que iniciado pelo Seu Florentino. Para saber mais: http://g1.globo.com/bahia/bahia-meio-dia/videos/t/tv-bahia/v/bairro-do-pau-miudo-em-salvador-mantem-forte-a-tradicao-da-queima-do-judas/6625044/


    Os Bonecos de Judas, são feitos artesanalmente pela geração que está dando continuidade, a tradição deste Boneco vem do calendário Cristão influenciado pelo Cristianismo, sendo queimado no sábado de aleluia (depois da Semana santa), representando a queima de Judas Iscariotes que traiu Jesus Cristo, filho enviado de Deus para a Terra, pela Bíblia.

    Apesar da tradição de malhar o Judas Iscariotes, pois há um outro Judas "do bem" na Bíblia, a tradição modificada para atender alguns públicos. Segundo, Jean Neiva, neto de Florentino Fogueteiro, com a caracterização do boneco de uma personalidade histórica a ser rechaçada pelo povo, sendo elas personalidades midiáticas, principalmente de políticos, esse ano não teve devido a COVID. Jean relatou que começou a fazer em novembro de 2019, os bonecos que normalmente confecciona 800, mas esse ano tinha 1200, o Judas seria o atual presidente da República, Bolsonaro. Sua venda consistiu em 200 bonecos e os reservados que o comerciante não tinha certeza se essa venda ia ser efetivada, haja vista, que a pandemia pegou a todos de surpresa. Porém, as comunidades não pegaram, os vereadores que distribuem na comunidade, ou seja, como dito por Neiva: "Hoje o valor do boneco está de R$ 280, mas só houve prejuízo".


Referencias:

BAIRRO do Pau Miúdo, em Salvador, mantém forte a tradição da queima do Judas. Salvador, 2018. (3 min.), son., color. Disponível em: Bairro do Pau Miúdo, em Salvador, mantém forte a tradição da queima do Judas. Acesso em: 25 dez. 2020.

CRISTINA, Tainá. Coronavírus ‘queima’ Judas. 2020. Disponível em: https://atarde.uol.com.br/bahia/noticias/2125196-coronavirus-queima-judas. Acesso em: 25 dez. 2020.

Rua 10 DE NOVEMBRO


 FONTE: GOOGLE MAPS 

    Essas são fotos da Rua 10 de Novembro, identificadas cada parte para que possa ser entendida sua extensão. Trata-se de uma rua estreita, reta, ou seja, sem ladeiras, embora seja rodeada e cortada por várias ladeiras. Uma rua que é residencial em sua maioria, contabilizando alguns poucos comércios com: mercadinhos, bares, barbearias, casa de rações, entre outros pequenos estabelecimentos comerciais e Igrejas, isso na modernidade.

    O lazer atual é na praça da Av. Barros Reis feita no 2º mandato a prefeito de ACM Neto, quando eu era pequena o lazer era a Quadra da Rua 20 de agosto (Pau Miúdo), e o baba do Vermelho (por conta do chão de barro ficar vermelho), local que hoje é o Shopping Bela Vista, bairro do Cabula. 


FONTE: ACERVO PESSOAL. O baba do vermelho, meu pai , o 2º em pé da direita para esquerda da imagem. Segundo ele, nessa foto ele estava com 39 ou 40 e poucos anos, antes da minha existência, já que, meus pais me tiveram com mais de 40 anos. E o mesmo confirmou a minha teoria do porque do nome do baba do vermelho, por conta do chão de barro batido vermelho.

    Sendo eu pequena nascida no final da década 90 quase 2000, com os meus 6 a 11 anos, há maioria das pessoas, famílias, vizinhos ficavam nas suas residências sentadas nas portas, colocavam cadeiras para fora de suas casas, olhavam as crianças (onde eu me encaixo na história), que estavam por brincar a frente de suas casas e ficavam conversando.

FONTE: ACERVO PESSOAL. Eu, com o meu gato, Nick, no colo, mainha na cadeira e minha irmã do meio. Na frente de casa, onde retrata bem o ficar na porta de casa e a cadeira que eu falei.
FONTE: ACERVO PESSOAL. Eu beijando mainha e meu primo, Vitor, mainha está na varanda de casa que dá para ver a rua  o que permitia olhar nós enquanto brincávamos na rua.

    A rua 10 de Novembro é um bairro que parece interiorano onde muitos se conhecem e se falam, vizinhos de mais de quatro décadas, boa parte dos moradores são idosos ou acima de 50 anos, que herdaram a casa de seus pais que já se conheciam, assim vem, sucedendo a composição populacional da rua perpassando gerações, verticalizado o imóvel (lajes) e algumas casas que são alugadas com facilidade devido ao acesso a ônibus, a tranquilidade da rua (segurança, moradores,  entre outros).













sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A ESCOLA PARQUE

 Escola Parque ou Centro educacional Carneiro Ribeiro (CRCR), Fundada e inaugurada em 1950.

FONTE: ESCOLA Parque completa 70 anos firmando a Educação Integral como grande legado do seu idealizador Anísio Teixeira. 2020. Disponível em: http://www.consed.org.br/central-de-conteudos/escola-parque-completa-70-anos-firmando-a-educacao-integral-como-grande-legado-do-seu-idealizador-anisio-teixeira. Acesso em: 18 dez. 2020.

"No Bairro da Liberdade Nasceu o CECR

A partir de 1947, na condição de Secretário de Educação, Anísio Teixeira daria início a uma série de novas realizações no campo educacional, às quais faremos referência. Dentre elas se destacam aquelas relacionadas com a educação em diversos bairros da Cidade do Salvador.

O popularíssimo bairro da Liberdade, na Capital baiana, foi provavelmente o mais beneficiado pela sua nova administração. Bairro muito populoso, predominando entre os seus moradores gente pobre e humilde. Bairro de topografia acidentada, com ruas e becos sem nenhum calçamento. Era um bairro sem o mínimo de requisitos urbanos. Hoje, vinte anos depois, quem o visitar não tem a menor idéia do que era antes. As suas ruas principais todas asfaltadas, comércio próprio, grande número de escolas, vida social intensa, muito transporte, etc...

Anísio Teixeira, preocupado com o problema da educação popular e integrando a equipe de um Governo humano e justo, cujo líder Otávio Mangabeira era uma das maiores expressões entre os defensores de regime democrático, escolheu exatamente o populoso, popular e pobre bairro da Liberdade para ser o local onde instalaria o arrojado Centro Educacional Carneiro Ribeiro.

O bairro da Liberdade, possuindo considerável número de crianças em idade escolar, era dos mais carentes em matéria de educação e de escolas. Acredito mesmo que o fator que mais contribuiu para a evolução e o progresso desse bairro tenha sido justamente o fator educação"(A ESCOLA... [199-?]). Grifos do autor.

A Escola Parque na década de 50, vista do Bairro da Liberdade

FONTE: ESCOLA Parque. [199-?]. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/visita_guiada/imagens_pq/visita5-1.html. Acesso em: 18 dez. 2020.

Neste link será possível ver a Escola Parque em 1950, as oficinas de sapataria, cestaria, aula de ginástica entre outros http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/visita_guiada/imagens_pq/visita5-1.html

    Inicialmente, a Escola Parque idealizada por Anísio Teixeira, com o lema de educação para todos, crendo na escola-parque ou escola-classe como lugar que ia instruir a criança de várias formas. Como surgiu a ideia?

"Tal como ocorrera em 1925, na Bahia mesmo, Anísio assumia a responsabilidade de governar a educação do Estado trazendo consigo, dentre outras, a preocupação de recuperar a escola primária oficial, dando-lhe condições para melhorar a qualidade do ensino e ampliar o tempo de permanência da criança na escola. Ele próprio, analisando a nossa realidade educacional, com relação à nossa escola primária {...}. Ao lado da preocupação de melhorar a qualidade da escola primária estava o problema do menor abandonado, que era assim analisado, àquela época, por Mestre Anísio"(A ESCOLA... [199-?]).


O terreno da Escola Parque fazia parte da extensão do Bairro do Pau miúdo, depois que disseram que pertence ao Bairro da Caixa D'água. A extensão do Pau Miúdo que era até a Cidade Nova, Hoje tem seu final no Largo do Tamarineiro (sendo comercial, de grande circulação, com algumas residências e via de acesso para Caixa D’água e Iapi), Terminal da França (antigo final de linha dos ônibus, que há 2 anos ou mais, segundo minha irmã não é mais por conta da quantidade atual de carros estacionados, por ser um bairro com ruas estreitas). A localização da Escola Parque é a Rua Saldanha Marinho, nº 134, Bairro da Caixa D’água. Ver https://www.google.com/maps/place/Escola+Parque+Salvador/@-12.9578369,-38.4944099,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x716052e2f2365b7:0x34591b8851cab2bc!8m2!3d-12.9578369!4d-38.4922158

Quando estudava no Senai, pude fazer uma visita guiada na Escola Parque, um terreno imenso que abarca a comunidade e os estudantes, com o foco em desenvolvimento, sociabilidade e dignidade na questão de melhorias sociais e trabalhistas. Eles tinham em 2014 ou 2015, ano da minha visita atender os moradores e estudantes dos bairros próximos. Tendo trabalhos de oficinas de (artesanatos e costuras), ofícios (padaria, cabeleireiro) nesse trabalho vendiam pães para ajudar a instituição e cuidam dos cabelos a baixo custo, tendo uma padaria para os alunos e visitantes que quiserem lanchar e pagam um preço módico por isso. Existe um trabalho com pré-vestibular, reforço e turmas de superdotados, hoje a nomenclatura modificou-se, para pessoas com altas habilidades. Cursos de danças como: Ginástica Rítmica, dança para a 3ª terceira idade, aulas de instrumentos musicais, coral, grupo de estudos de áreas de interesses, entre outras atividades, além de garantir um lanche ou almoço aos estudantes que já vem das suas outras atividades escolares ou vão para a Parque e depois estudam, garantindo que eles tenham acesso a uma refeição neste espaço, aumentando o acesso à educação e profissionalização. E, seguindo lema de Anísio, que é educar a todos, a instrução da escola para a socialização e tratando um problema social da questão de manter a criança e adolescente na instituição educativa para seus responsáveis irem trabalhar e esta não está solta na rua. No Wikipédia, da para visualizar o Pau Miúdo tem uma demográfica de um bairro perigoso e com alta taxa de homicídios, parafraseando Paulo Freire, educar não transforma o mundo, transforma pessoas que mudam o mundo.

"A instituição educacional idealizada por Anísio Teixeira era por ele chamada de Centro de Educação Popular, uma Escola de educação primária ministrada em nova dimensão, dentro da mais avançada doutrina pedagógica, cujo principal objetivo era dar às crianças uma educação integral.

Constituído de vários pavilhões: o da Escola Parque e os das Escolas-Classe. A Escola Parque destinada às atividades educativas, como: trabalhos manuais, artes industriais, educação artística, educação física e atividades socializantes. Nas escolas-classe se desenvolvem as atividades normais ou convencionais das demais escolas, estudando ciências físicas e sociais, leitura, escrita e aritmética.

Durante um turno a criança estuda numa das escolas-classe e no outro turno na escola-parque. No Centro de Educação Popular a criança recebe toda assistência: médico, dentista, orientador educacional, além da merenda escolar"(A ESCOLA... [199-?]).

Vale salientar que, a repercussão junto com a execução fez o sucesso e a ideia que serviu de inspiração.

"Baseado no modelo deste Centro, de Salvador, Bahia, foi organizado o sistema escolar de Brasília, cujo plano traçamos com o propósito de abrir oportunidades para a Capital do país oferecer à nação um conjunto de escolas que constituísse exemplo e demonstração para o sistema educacional brasileiro.

Ao fundamentá-lo, acentuamos que as necessidades da civilização moderna cada vez mais impõem obrigações à escola, aumentando-lhe as atribuições e funções, devendo assim as escolas, em cada nível de ensino, desde o primário até o superior ou terciário, como hoje já se está a chamar - ser organizadas tendo em vista constituírem-se verdadeiras comunidades, com as suas diversas funções e considerável variedade de atividades, a serem distribuídas por um conjunto de edifícios e locais a lembrar, seja no nível primário, no secundário ou no superior, verdadeiros conjuntos universitários. TEIXEIRA [199-?] apud A ESCOLA... [199-?].

A Escola Parque completa 70 anos, em 2020. Onde se encontram manchetes que dizem sobre a reafirmação da educação integral e do legado de Anísio Teixeira, de 120 anos. É realmente importante a escola Parque oferta atividades para todas as idades e é transformadora para as pessoas da região, de fato faz a diferença. 


Referências

A ESCOLA PARQUE DA BAHIA. [199-?]. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/livro11/pagina33.htm. Acesso em: 18 dez. 2020.

CENTRO Educacional Carneiro Ribeiro: Escola Parque. Escola Parque. 2020. Disponível em: http://escolas.educacao.ba.gov.br/node/12034. Acesso em: 18 dez. 2020.

ESCOLA Parque. [199-?]. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/visita_guiada/imagens_pq/visita5-1.html. Acesso em: 18 dez. 2020.

ESCOLA Parque completa 70 anos firmando a Educação Integral como grande legado do seu idealizador Anísio Teixeira. 2020. Disponível em: http://www.consed.org.br/central-de-conteudos/escola-parque-completa-70-anos-firmando-a-educacao-integral-como-grande-legado-do-seu-idealizador-anisio-teixeira. Acesso em: 18 dez. 2020.

PAU Miúdo. [20--?]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_Mi%C3%BAdo. Acesso em: 18 dez. 2020.

ANÁLISE DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA COM ARISMAR LAZARO PINHEIRO E MARIA DO CARMO ENEDINO GOMES

     Ao analisara entrevista percebo que meus avós vieram do interior, para um local mais afastado do Centro, mas com facilidade de mobilida...